top of page

TAGS: 

POSTS RECENTES: 

SIGA

  • Facebook Clean Grey
  • Instagram Clean Grey

O barato que sai caro!

  • kellylaskaris
  • 29 de mar. de 2016
  • 5 min de leitura

Logo na minha 1º semana de aula, do curso de moda, recebi um "soco no estômago"!

A professora de "pesquisa e planejamento de coleção" exibiu o documentário "China Blue", lançado em 2008 e disponível no Youtube, que mostra a vida da jovem camponesa Jasmine, que sai de sua casa no campo e vai trabalhar em uma fábrica de jeans na "cidade grande", para tentar dar uma vida melhor aos seus pais e sua irmã mais nova.

No documentário vemos as péssimas condições de trabalho e moradia que os funcionários se encontram; como são mal remunerados apesar das muitas horas de trabalho; que apesar de trabalhar muito, às vezes, tem o salário confiscado, no final do mês, para cobrir os "custos" de moradia e alimentação (afinal nenhum benefício é dado); entre outras situações e condições sub-humanas. A primeiro momento senti uma revolta muito grande com os donos dessas fábricas, até que, finalmente, entendi que eles não são os culpados diretos dessa problemática.

Sabe quem é responsável por isso tudo? A globalização! São os donos das fast-fashions, que procuram os fornecedores mais baratos. E se eles não estiverem na China, por exemplo, mudam, sem problemas, de país.

Geralmente essas fábricas estão situadas em países com uma população muito pobre, que sabe das más condições, mas precisa dos empregos. São países onde os donos das fábricas não são necessariamente ricos, mas que dentro do montate do país, se sobresaem.

E sabe quem permite me isso ocorra? Sou eu. É você. É nossa relação com a roupa! Toda vez que corremos para uma fast-fashion, a cada mudança de coleção, estamos alimentando o trabalho escravo e suas condições precárias, na moda.

Lembro que há poucos anos atrás a rede espanhola Zara esteve envolvida num escândalo em torno do trabalho escravo e esse foi o meu primeiro "contato" com essa realidade. Afinal, em pleno século XXI ainda existe trabalho escravo??

Pode-se considerar trabalho escravo contemporâneo as seguintes situações: jornada exaustiva, trabalho forçado, servidão por dívida e condições degradantes no local de trabalho.

Ou seja: "Sim, ainda temos trabalho escravo no mundo!".

Descobri faz pouco tempo que essa situação é maior do que imaginamos. Se pensarmos em custo de matéria-prima, mão-de-obra, logística, impostos, nenhuma roupa pode ser tão barata, a menos que algo (ou alguém) tenha sido "sacrificado" nesse processo.

Ok, no Brasil as roupas nem sempre são tão baratas assim, mas pense em quantas outlets no exterior vendem as mesmas peças que aqui a "preço de banana". Quer loucura maior? Muitas peças que importamos de fora, são peças feitas no Brasil!

De acordo com a revista "Galileu" desse mês, o Brasil é o 4º maior produtor de roupas do mundo, gerando 1,6 milhão de empregos, sendo 75% composto de mulheres, que nem sempre tem boas condições de trabalho.

Ainda de acordo com a revista, que coletou a informação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, quando você compra uma camiseta a R$78.00, 41,6% é do Mark up, 16,9% fica nos impostos do varejo, 10,8% de transporte e impostos, 8,7% é de mão-de-obra, 13,3% de matéria-prima, 6,7% são referente as depesas e apenas 2% é de lucro da oficina.

Então, "já viu tudo, né"!?!

Outro documentário recente a respeito da cadeia produtiva da moda, é o "The true cost", lançado no ano passado e disponível no Netflix, que mostra de forma escancarada quem paga verdadeiramente o custo da sua roupa.

Esse novo modelo econômico da moda (baixo custo de produção+rápida distribuição+preços atrativos), ganhou força a partir da década de 80, com o início da globalização na moda. E as lojas de roupa que antes tinham 1 coleção por ano, começaram a ter 2, que viraram 4 e hoje com as fast fashions, com as blogueiras de moda exibindo seus looks do dia, com o acesso as informações rápidas e com a rapidez com que essas informações mudam, fazem com que existam coleções novas, praticamente, todas as semanas nas lojas.

O "soco no estômago", do começo da matéria, foi porque EU, consumista assumida, nunca parei para pensar de onde vinha tantas peças, por preços tão baixos.

Ainda que exista toda essa problemática, não é nenhum pecado consumir! Afinal, precisamos nos vestir, certo? Precisamos da ajuda das roupas para passar nossa imagem as outras pessoa, nos identificarmos com grupos dos mesmos interesses.

Sim, certo! Mas o consumo desnecessário faz com que a gente contribua para essa situação alarmante.

E existem formas de fazer a sua parte.

É importante que você se conheça ao comprar uma roupa. Uma pessoa que tem estilo próprio, que conhece seus gostos, que assume seu estilo de vida, dificilmente fica vendido por modismos a cada troca de coleção ou leva uma peça errada, na qual nunca usou e nunca vai usar.

É interessante, também, que conheça a lojinha do bairro que, às vezes, tem sua confecção própria e familiar; que pense em formas alternativas de consumo, como troca de roupas em projetos ou com as amigas; ou que reforme aquela roupa na qual enjoou, por exemplo.

Não sabe por onde começar a pensar?? Ai vai algumas dicas de conteúdo para saber mais, pessoas que sigo, projetos que conheço.

  • Filmes: "China Blue" e "The True Cost".

"China Blue" mostra a problemática acompanhando a vida de Jasmine e através da vida dela, mostra a situação de milhares de trabalhadores no mundo.

Já o "The True Cost", conta com mais informações, como cases de grandes redes, o desastre do Rana Plaza, entre outros.

  • Revista: "Galileu - editora Globo - mês de Março"

O mês esta quase acabando, mas ainda dá tempo de comprar! Com uma riqueza em detalhes, a revista conta o início desse novo modelo (fast fashions), aponta grandes redes como parte do problema, explica de forma estatística e ilustrada o que acontece, além de sugerir novos projetos e empresas sustentáveis.

  • Blog: "Meu en canto"

Comecei a acompanhar a Bruna, no ano passado, quando estava me informando a respeito de cursos de moda e vi um dos seus vídeos. Vi outras matérias e gostei muito do blog, pois ela não trata a moda de modo superficial e aborda o tema com conteúdo, além de ser ativista desse movimento sustentável.

Tive uma identificação muito grande de pensamentos e gostos, com ela.

O filme "China Blue"+acompanhá-la, fizeram-me pensar no modo como trato minhas roupas.

Vale a pena seguir!

  • Projeto sustentável: "Projeto Gaveta"

Nem todas as amigas tem o mesmo corpo que o seu, portanto nem sempre dá para trocar suas roupas com elas. Imagine um projeto onde você entrega as suas roupas (em bom estado) e isso pode se converter em moedinhas (que só valem lá) para você pegar a roupa de uma pessoa que fez o mesmo? Desde que conheci, me apaixonei pela proposta! Existem duas matérias no blog (AQUI e AQUI) para você se informar melhor a respeito do projeto. Quer participar da próxima edição? Clique AQUI para saber mais!

 
 
 

Comments


  • b-facebook
  • Instagram Black Round
bottom of page